Resenha - O Príncipe da Névoa


O Príncipe da Névoa

Autor: Carlos Ruiz Zafón
Editora: Suma de Letras
Classificação: Literatura estrangeira - Romance

Páginas: 184
Ano: 2013
Trilogia da Névoa – livro 01

“Max tinha lido uma vez, num dos livros do pai, que certas imagens da infância ficam gravadas no álbum da mente como fotografias, como cenários aos quais, não importa o tempo que passe, a pessoa sempre volta e nunca esquece.”

Primeiro romance escrito por Carlos Ruiz Zafón, O Príncipe da Névoa é o primeiro volume da Trilogia da Névoa. Na época em que o escreveu, Zafón não era conhecido e não tinha sequer um editor, então resolveu participar de um concurso de literatura juvenil, e acabou ganhando a competição. O livro começa com uma nota do autor, onde ele declara seu amor pela escrita, e dá detalhes do início de sua carreira como escritor.

“O Príncipe da Névoa é o primeiro de uma série de romances “juvenis”, junto com O Palácio da Meia-Noite, As Luzes de Setembro e Marina, que escrevi alguns anos antes da publicação de A Sombra do Vento. Alguns leitores mais maduros, levados pela popularidade deste último, talvez se sintam tentados a explorar essas histórias de mistério e aventura. Espero também que alguns leitores novos possam, caso apreciem a história, iniciar suas próprias aventuras na leitura pela vida afora. A uns e outros, leitores jovens e jovens leitores, só me resta transmitir o agradecimento deste contador de histórias, que continua tentando merecer seu interesse e desejar-lhes uma boa leitura. Carlos Ruiz Zafón, maio de 2006.”


O Príncipe da Névoa nos conta a história de Max, um jovem rapaz de 13 anos que se muda junto com sua família para uma cidade no litoral. Seu pai, o relojoeiro e inventor nas horas vagas Maximilian Carver, resolve se mudar com a família para fugir dos efeitos da Segunda Guerra Mundial, e junto com sua esposa, Andrea e as filhas, Irina de 8 anos, e Alicia, de 15, partem rumo a uma nova vida.
Logo na chegada a cidade, Max percebe coisas estranhas, e se vê diante de muitos mistérios. Ainda na Estação de trem, encontram um gato preto perdido, que sua irmã Irina faz questão de levar para casa, e Max percebe que o relógio da estação anda em sentido anti horário. Como se ainda não bastasse, no fundo da casa onde a família vai morar, existe um estranho jardim de estátuas, com figuras que representam uma trupe de circo, que Max percebe que mudam de posição misteriosamente.
Max e Alicia conhecem Roland, um jovem de 17 anos que mora com o avô Victor numa cabana perto de um antigo farol. Roland os leva para explorar um antigo navio naufragado há muitos anos na costa, uma aventura que trará muitas surpresas e perigos.
Em meio a sonhos com um palhaço aterrorizante, vozes sussurradas vindos de um armário, um gato assustador, estátuas que se movem, filmagens antigas e muitos segredos, O Príncipe da Névoa também nos traz a beleza do primeiro amor, o valor de uma amizade sincera, e um sinistro personagem, que realiza os desejos das pessoas, cobrando um alto preço por isso.

“Muitos anos haveriam de passar antes que Max esquecesse o verão em que, quase por acaso, descobriu a magia.”

Zafón tem uma maneira própria e única de escrever. Envolvente e encantadora, sua narrativa é mágica, e nos sentimos fazendo parte de sua história. O autor nos mostra em seu primeiro romance, uma série de nuances: mistério (com um sutil toque de terror), aventura, drama e romance. Tudo isso descrito através de uma narrativa em 3ª pessoa, envolvente e muito bem escrita.
Claro que nesse primeiro livro consegue se perceber a imaturidade do autor. Pra quem leu A Sombra do Vento,  O Jogo do Anjo e O Prisioneiro do Céu entenderá o que estou dizendo. Mas O Príncipe da Névoa já traz em si, a promessa de um grande autor. A evolução de sua narrativa é impressionante. Mesmo dizendo a que veio em sua estreia, Zafón consegue chegar ainda mais longe em suas próximas obras.
Personagens muito bem construídos, um clima de aventura, terror, magia e mistério, O Príncipe da Névoa é um livro para todas as idades. É, por sua essência, dirigido ao público jovem, mas me cativou, mesmo eu não sendo fã desse tipo de literatura. É um livro para jovens sim, mas muito bem escrito. Diria que é um livro para jovens de bom gosto, jovens que sabem pensar e adultos que preservam a capacidade de sonhar.
De todos os personagens do livro, o que mais me deixou intrigada foi o misterioso Príncipe da Névoa. Há muito pouca informação dele no livro, sabemos apenas que é um ser terrível, cheio de maldade, e que não há como escapar dele. Mas não conhecemos sua origem, sua história, e o que ele é, realmente. Talvez, exatamente por essa falta de respostas que o personagem se faz tão interessante.
Um excelente livro, que deixa o leitor com vontade de mais e mais... agora é aguardar o lançamento do segundo volume, previsto para o segundo semestre deste ano, com a certeza de ter em mãos mais uma obra prima de Carlos Ruiz Zafón, que ganha definitivamente o posto de melhor escritor contemporâneo na minha humilde opinião.

Michelle


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